P.R.
Estudante de psicologia, cliente de Psicoterapia.
Escrevo isso no meu aniversário de 29 anos. Vinte e nove anos dos quais nove eu faço terapia.
Quem se submete à análise precisa ter, sobretudo, coragem. Coragem para mergulhar em si mesmo, conhecer o mais profundo em nós. A notícia que acalenta é saber que, embora esse processo seja nosso, ele não precisa ser solitário. Contamos com alguém que nos faz perceber que existe luz em todo o processo. Porque somos luz, embora os junguianos digam que também somos sombra. No final das contas, acredito que somos um universo inteiro, com infinitas possibilidades.
É preciso coragem para fazer terapia porque esse processo é, muitas vezes, doloroso. Nem sempre é fácil derrubar muros de certezas e anos de convicções. Mas, se posso falar algo a partir da minha experiência, é que não tem nada mais bonito do que caminhar e perceber quão grande somos. Perceber que podemos mudar, caso a gente queira. Perceber que também está tudo bem se não quisermos. O que importa, sempre, é nosso bem estar, nossa saúde mental. A psicóloga será um instrumento para chegarmos ao final do caminho. Mas, será que existe mesmo um final?
Se somos seres em constante evolução, pensar em um final não é muito apropriado.
Se pensarmos que a análise serve para que saibamos lidar com nossas dúvidas, certezas, incertezas, jeitos, manias, talvez o final seja este lugar: onde a dor já não dói tanto e o pensamento seja mais claro e um pouco menos guiado apenas pela emoção, um pouco mais consciente. O lugar onde a gente entenda que, assim como nós, os outros também são um universo.
É um bocado de coisa que a análise proporciona, né? É mesmo. E é potente por demais olhar para trás e ver o quanto de nós a gente descobriu, o quanto de nós a gente mudou e o quanto de nós ainda falta perceber. Aproveitemos a caminhada.